QUEM FOI O FUTURO PAPA JOÃO XXI
O futuro papa João XXI nasceu em Lisboa com o nom de Pedro de Julião entre 1210 e 1220. Podemos traçar com certeza o percurso de Petrus Juliani (nome que não aparece antes) só a partir de 1250.
O primero documento que lhe diz respeito está em Guimarães, no norte do Portugal; é datado 11 de junho de 1250. O mestre Pedro de Julião, deão de Lisboa e arcediago de Braga, chamado “Petrus Yspanus” no fim de texto, é designado pelo rei de Portugal como porta-voz dele, na disputa que o soberano teve com o clero.
Apesar dos testemunhos disponíveis, não podemos estabelecer uma ligação entre o Pedro Ispano médico/escritor e o Pedro Ispano eclesíastico.
A CARREIRA ECLESIÁSTICA
Até 1277 muitos documentos testemunham a movimentada carreira na igreja e na política de Pedro de Julian. Os documentos permitem encontrá-lo alternadamente em Guimarães, em Leira, em Lisboa, em Braga, em Lyon, algumas vezes em Paris e na cidade da Cúria papal naquele tempo itinerante: Orvieto, Anagni, Viterbo.
Durante a longa e continuada residência na curía, Pedro partecipou nas atividades do Cardeal Ottobono Fieschi, futuro Papa Adriano V; depois ele foi incluído na familia.
Certamente estava na Itália quando o capítulo da Catedral de Braga elegeu-o por unanimidade Arcebispo, no mês de Maio de 1272.
No dia 3 de Junho de 1273 o Papa Gregório X nomeou-o Cardeal Bispo de Tuscolo. Com este título Pedro apareceu nas obras do II Concílio de Lyon.
O período de cardinalados não è conhecido. Ele poderia ter feito naquele período algumas missões diplomáticas que, talvez, levou-o a Paris para tratar uma disputa em 1274.
Apesar de uma tradição antiga o apresentar como arquiatro e médico pessoal de Papa Gregório X. Não há documentos que registram Pedro de Juliano neste função ou com o título de médico na cúria papal.
ELEIÇÃO DO PAPA: PEDRO TORNA-SE PAPA
Pedro de Julião foi eleito Papa por um conclave que se reuniu no palácio episcopal de Viterbo, provavelmente a 16 de Setembro de 1276.
Tinham que estar presentes nove membros do Colégio Cardinalício. Apesar de importunas interferências dos cidadãos de Viterbo, a eleção foi o primeiro dia do conclave e por unanimidade.
O novo Papa foi entronizado na Catedral de São Lourenço em Viterbo a 20 de Setembro. Escolheu o nome de João XXI (devido a um erro de calculo nunca houve um Papa João XX).
O PAPADO DO JOÃO XXI
Os primeiros dois meses do pontificado dele são aqueles de maior atividade da chancelaria papal. Apos a entonização, João XXI queria dar uma solução imediata para a eleição do Papa.
Com a bula Licet felicis recordationis registrou por escrito a suspensão verbal proferida por Adriano V, na costitução Ubi periculum. Esta estabeleceu as regras do conclave e foi aprovada pelo Concílio de Lyon apesar da forte oposição do colégio dos Cardeais, do qual Pedro de Julião já fazia parte.
O Papa explicou que a costitução era mais prejudical do que útil e informou que queria reformulá-la.
Nos mesmos dias também ordenou a criação de um tribunal canônico. Isso determinava as responsabilidades dos abusos que haviam na cúria durante a sedis vacatio.
De acordo com una tradição tarda, o amor de João XXI para a ciência o levou para construir uma dependência no Palácio Papal. Aqui se refugiava para se dedicar aos estudos solitários, esquecendo o governo da Igreja.
De qualquer maneira, e sem saber a função desempenhada por João XXI neste contexto, a Cúria e o seu studium mostrou neste década um favor especial para o estudos naturais. Estudaram particularmente a luz e a visão; ficaram em Viterbo muitos intelectuais que escreveram sobre este assunto: Guilherme da Moerbeke, capelão papal, João Peckham, Vitélio e Campano da Novara.
O PAPA JOÃO XXI NA HISTÓRIA
No dia 14 de Maio de 1277 o colapso de um telhado ou de uma parte do apartamento papal prejudicou o Papa. Ele foi extraído dos escombros ainda vivo e sobraviveu aos ferimentos só seis dias.
Foi enterrado em Viterbo e o seu túmulo, no início, foi colocado na nave esquerda da Catedral de São Lourenço. Os cronistas contemporâneos empregaram a morte do Papa para criar uma lenda obscura sobre isso. Descreveram-na como a punição divina por não ter apreciado os religiosos (isto disseram os dominicanos, por exemplo), ou pela magia à qual se dedicava, ou pela má conduta, ou por não respeitar as deciosões do concilio, ou, em fim, porque esperava de viver muitos mais anos.
Os dominicanos Martino Polono, Iacopo da Varazze, Tolomeo da Lucca, Francesco Pipino, Bernardo Guido e os cronistas anônimos de Colmar e de Rotweil, com contaminação textual óbvia, entregueram as avaliações mais negativas sobre o papado de João XXI.
Pelo contrário, a tradição franciscana, por exemplo Salimbene de Adam, foi amplamente favorável. Esta avalição apareceu imediatamente após a morte do papa e provavelmente foi ligada ao favor mostrado pelos franciscanos.
Mais tarde os historiadores papais reconciliaram acriticamente os dois sentidos, o negativo e o positivo.